quinta-feira, fevereiro 13, 2014

Lobo em pele de cordeiro

Lobo em pele de cordeiro
Pedro Penido


E a FIFA é um mercador da morte fantasiado de caixeiro viajante. Vai às portas dos desesperados vendendo seu "padrão de qualidade" (e nada mais que isso, convenhamos). Vende também, claro, as desculpas que alguns possam utilizar para seus fins.

E o cardápio/catálogo de produtos da FIFA é longo e diverso, sempre capaz de se adequar às necessidades do cliente faminto.

No Brasil, a FIFA tem clientes diversos, e produtos diversos:

- Ao Governo Federal: vende o capital político, feito busto de mármore, para colocar na história (sim, com letra minúscula) nomes de governantes, seus vassalos e seus padrinhos.

- Ao Governo Federal: vende a capitalização de recursos diversos, com oportunidades claras para converter investimento em obra pública em dividendo de campanha com antigos e novos financiadores. Veremos o legado do elefante branco.

- Aos Governos Estaduais: vende os alicerces para estreitamentos finalmente possíveis com esferas federais até então obscurecidas pelos embates políticos e politiqueiro de toda ordem. Em nome do futebol, as brigas cessam, a grana entra, as fotos nascem e as campanhas aparecem.

- Aos Governos Estaduais: vende também a desculpa perfeita para apadrinhar prefeitos e prefeituras necessitados de desculpas para escorraçar grupos e populações de áreas de interesse econômico e ainda mobilizar, numa esfera mais regional, os donos dos meios de produção que tanto investiram nas candidaturas de seus eleitos.

- Aos Governos Municipais: o rol de produtos é longo. Desde espaços desocupados até a desculpa para angariar investimentos de todo porte e de toda parte, vindos da exploração do turista (sim, do turista), da movimentação de dinheiro em suas cidades e até da obsolescência programada de caríssimos espaços públicos criados para o evento. O rol também engloba a desculpa perfeita para limpar áreas ocupadas que interessam a grandes financiadores, assim como também permite pagar dividendos de campanha de toda ordem, gênero e grau.

- Aos empreiteiros financiadores do capitalismo de Estado: o leque é um banquete. E usam seus testas de ferro para alcançar qualquer tipo/forma de lucro, sempre com a bandeira da FIFA entre suas desculpas.

- Aos grupos de mídia, o rol é diverso. Ganharão de toda forma, havendo ou não Copa. Mas há aqueles que pagaram caro pelo evento, e agora elencam seus campeões para irem às praças dizer ao povo que tudo será lindo e tudo que nos causaram a Fifa e todos acima é justificável.

- A você, meu amigo, a Fifa vende o pior que há. Ela lhe vende o sonho e obscurece sua visão de que o Futebol já existiu e ainda existe sem a Fifa. Prova disso são os campinhos de várzea e até mesmo os campeonatos locais. Mas ela vai sorver de você tudo que puder, em troca de oferecer a você aquilo que você já tem, sempre teve e sempre terá. A Fifa vende espetáculos e oportunidades a quem investe alto, para recuperar mais e mais grana. Se existe uma entidade, no mundo, que não dá a mínima para o tanto que você ama o futebol, ei-la, a Fifa.

Mas ela tem obtido sucesso em transformar um esporte puro em um grande shows, vasto em pompa, em champanhe, em banquetes milionários e ingressos absurdamente caros. Uma bela cortina de fumaça para uma orgia de governos, marcas, lobistas, financiadores e especuladores e toda ordem de parasitas.

quarta-feira, novembro 13, 2013

Um Trago do Tempo

Um Trago do Tempo
Pedro Penido


Esta é uma história tão louca quanto a História e qualquer outro traço de conhecimento organizado que possa ser chamado assim. Dado e escrito que o melhor jeito de se mudar o futuro é conhecer seu passado e agir no presente, nós, espécie humana T, somos artífices numa matéria muito estranha aos olhos de qualquer outra espécie no universo. Somos os artífices de um futuro sombrio, cujo brilho, único, vem do fogo e do ouro da pirâmide. Fogo na base, para afastar as bestas. Ouro no topo, para sagrar seu cume a própria deidade.

A Espécie Humana

Evolução. Esta é a única forma de se perceber. Não está escrito em páginas de um livro, mas está cravado nas rochas, nos fósseis, no comportamento das espécies, nas suas heranças genéticas e em seus traços atuais.

E mesmo sendo o que há de mais refinado em termos de Evolução (tanto própria quanto científica), nós, espécie humana, ainda somos confusos. Somos um milagre da natureza, somos capazes de alterar nosso ambiente, somos capazes de tanta coisa, e ainda somos confusos. Mal sabemos nós o que queremos, o que somos e o que merecemos. Quais nossos direitos naturais?

Mas sobre o ser humano há algo que deve ser dito. Seu maior dom e seu maior presente, são, exatamente, sua desgraça e condenação. Nossa imaginação nos fez crer em deuses, em fronteiras, em forças e poderes, em frações de verdade que nos moldaram e nos enfiaram num caminho quase que sem volta.

Nossa imaginação não criou mas formatou o Tempo. Marcamos nele nosso compromisso com o enriquecimento da vida, das possibilidades, das incríveis histórias... dos outros. De uma outra classe de seres humanos. Uma classe abençoada por deus. E esta é a ironia suprema de nosso Tempo.

Deus, sentado em seu trono de ouro, dá as regras, que alguns seletos podem ouvir e transmitir, e outros mais seletos ainda podem financiar. O resto do trabalho é largado para nós, a Espécie Humana T.

Mas, além de todos nós, da T, existe a Espécie Humana C, existe também a Espécie Humana E. Mas, na verdade, todos somos apenas Espécie Humana. Um tipo de manifestação virótica que infesta este planeta.

A Espécie T

Você talvez esteja se perguntando que diabos [sim... a palavra diabo (e muitas outras) é permitida aqui] é esta Espécie Humana T.

A resposta é muito interessante. Porque é quase que imediatamente compreensível quanto completamente assimilável.

Todos nós somos a Espécie T.

T de TRABALHO.

Uma das faculdades da mente humana é dar a este corpo maluco a disposição, as ferramentas (articulações, mão em forma de pinça, força) para trabalhar. Ao contrário de tantas outras espécies, somos desprovidos de veneno (exceto a religião), garras, presas, couraça, chifres, capacidades de velocidade, de vôo, de força bruta, de evolução (filhotes de tartaruga já nascem caminhando rumo ao mar revolto...).

Somos uma espécie fraca do ponto de vista de nossas defesas naturais. Por isso, como forma de contra-balancear isso tudo, a Natureza nos deu um cérebro imenso, que nos permitisse ver o mundo como a matéria-prima de nossa Caminhada (não falo em destino, mas em evoluir pra não se sabe onde).

Mas, voltando ao tema do trabalho, concordamos que é vital à esta Caminhada mencionada. Sim... precisamos de ferramentas, abrigos, proteção contra as bestas sanguinárias do mundo selvagem. Isso é fato.

No entanto, dar rumos ao trabalho é a maior jogada de todos os tempos. E isso começou com a dominação básica de um pelo outro. Para não apanhar do homem das cavernas mais forte, o mais fraco se submetia às suas regras e proteção. A troco de quê? Trabalho. Caçava, pescava, seguia sua liderança nos combates e na vida nômade da alvorada da humanidade.

A herança do trabalho, como força motriz do mundo e, em seguida, como moeda das civilizações, transformou o homem em uma outra força poderosa. E, como toda força, capturou a atenção do próprio olhar do homem. Foi mensurada. Foi compreendida. E, gran finale, controlada. Domesticada.

E desde então, separaram-se as Espécies. A nós, T, ficou a responsabilidade de trabalhar. De criar o sustento das demais. Não foi diferente nos povos escravizados por Roma. Não foi diferente no regime de servidão dos Reis. Não foi diferente nos escravos negros que fizeram funcionar moendas e engenhos, remos e minas no Novo Mundo. Não é diferente dos novos escravos, agora uniformizados, que caminham feito porcos (Chaplin!!) para as prisões do tempo e do trabalho.

Somos a Espécie T. Aquela do trabalho. Podemos nos orgulhar de termos mudado o mundo, alterado seu traçado. Removemos montanhas, perfuramos a terra, controlamos rios e barragens imensas. Mas, quem corta a faixa de inauguração não somos nós. Também não brindamos a nada.

Ainda somos as gerações de escravos que construíram mausoléus e pirâmides para os Faraós. Ainda somos legiões de escravos cuja vida e memória estarão perdidos na História. Reis e Faraós são lembrados. Não seus trabalhadores. Reis e Faraós, capitães da Espécie Humana C.

sábado, março 15, 2008

Bastiões da Dúvida

De fato estavam agora diante de um gigantesco complexo de edifícios, alimentado por estradas de tijolos que cruzavam abismos intermináveis até desembocarem na entrada de cada uma das nove torres espalhadas ao redor da plataforma central. Pessoas perdidas nas profundezas de suas dúvidas... Um lugar, com certeza, pior que qualquer inferno ou céu.

Mergulhados no despropósito absoluto daquela situação pandemoníaca apenas queriam algumas respostas. E tarde demais compreenderiam que aquilo tudo, toda aquela majestade diante de seus olhos mortais, era apenas o começo... o breve começo do resto de suas vidas pueris...

Callis Morius

segunda-feira, agosto 27, 2007

No Castelo

As muralhas negras da fortaleza erguendo um reino rumo aos céus. O patrocínio da Cruz para os cegos portando jóias e cetros, glórias e fetos. Um homem carrega para dentro do feudo seu desejo de saber quem são aqueles que por sobre as terras do tempo semeiam um império. Em meus mais intrépidos momentos eu caminhei demais para longe dos meus ideais. Hoje sou miséria perante as minhas mais antigas convicções. Sinto-me enjaulado nos meus planos para o futuro, enquanto minha alma rasga meu peito a gritos e cortes, tentando escapar para os ventos que trazem a tempestade. As imperfeições do meu momento, refletidas nos corredores de verso por onde edifiquei meu castelo, e nele me fiz prisoneiro, encarcerado nas minhas assombrações. Entretido com os pudores da minha mente perturbada, com os sustos que já levei ao me encarar no espelho e vidrar meus olhos num abismo de uma alma corrompida pela plena libertação. Um castelo de cartas, um castelo de areia, um castelo de vidro, dentro de um castelo de aço. E pelas fileiras de suas hordas preparadas para o combate trafego influências, pensamentos, confissões e lamentos. Reino por todos os meus guerreiros diabos e de cada olhar arranco força para permanecer de pé, questionando minha época, minha família, minha vida, meu propósito, meu sujeito, meu predicado, minha loucura, minha imprudência, minhas decisões, minha fé... minha fé...

Um novo retorno ao castelo das perdições, dos sonhos estuprados pela sua própria propagação. Soldados de pedra, solados de aço... Meu destino na lâmina de uma espada, não importa quem eu sou, não importa o que eu faço. Perdão eu peço pelas divagações de um estado de absurdo cujo simples estalo é uma tocha num mar de escuridão. Somos terras cultiváveis, esperando pela plantação... enquanto coroa e clero disseminam sua infestação. O trabalho trocado pela garantia de vã e esparsa proteção. Eu sobrevivo em minha mente torpe protegido por um feudo cujo lorde sou eu, novo asmodeu... Que sonho estranho é esse? Ah... Sinto tanta falta da minha poesia... minha epifania!

Na Taverna

Um espanto que ecoou por toda a taverna. Um homem solitário carregando papel e um pedaço de carvão. Um dose de rum, outra de uísque. Um trovão dentro da chuva, um pedaço de estrofe no papel. Os relatos de uma tempestade nas mãos de um vago louco cronista. Via prosa a essência das coisas se destila em cada palavra escolhida num ato desesperado de dar forma ao nada. As tentativas, a cada trago dado, de se fazer em verso ou prosa, a absurda arte de condensar em textos as impressões da realidade. Um estupro rotineiro cuja valentia não pode ser paga com dinheiro. Troquemos nossas almas, meu amigo, nobre e cego leitor. Um retrato do dia passado lá fora. Um registro do momento, um registro do agora. Mais uma dose, mais um trago, mais um pouco de carvão rascunhando minha alma no papel molhado. Suor e chuva, sangue e lágrima, todas as misturas envoltas no sublime ato de encarar o tempo e dar-lhe mais uma chance de vencer este xadrez. Enquanto a taverna se esvazia alguém apenas escreve o que sobrou de sua memória. Um estado lastimável, moribundo poeta, vício na arte verso glória, observador do nosso naufrágio na escória, na história.

terça-feira, julho 10, 2007

Modus Operandi ISA

- Desliga isso!

- Não... Agora já é tarde... Já estamos dentro. Não compensa sair...

- Mas e se eles nos acharem?

- É o risco que correremos... Mas esses arquivos aqui não são vistoriados há muito tempo!

- Que tipo de arquivo é esse aí?

- Não sei... Parece algum tipo de backup... Mas é muito estranho, porque ele está rodando e compilando...

- Uau! Um arquivo desses tem quantos MB?

- MB? Parece ter gigas... É muito grande... E olha só... Tem outros milhares aqui... O que é isso?

- Putz cara... Os sacanas estão compilando a rede inteira... Mas pra quê estão fazendo os backups?

- O que é isso aqui?

- Onde?

- Aí... Olha só... Um sinal estranho... É do tracking?

- É sim! Parece que tem mais alguém aqui... E já nos achou?

- Será que é da polícia?

- Acho que não. Foi muito rápido...

[[ SAIAM!!! RÁPIDO!!! ELES VÃO ENCONTRAR VOCÊS!!! ]]

- Saiam? Quem está aí? E por que nós temos que sair?

[[ A ISA ENCONTROU VOCÊS! EU OS ENCONTREI ANTES! VOCÊS DEVEM SAIR! ]]

- ISA? O que é ISA?

[[ VOCÊS SÃO AMADORES! SAIAM! MUDEM DE PAÍS! ]]

- O que é a ISA?

[[ INTERNATIONAL SERVERS AGENCY ]]

[[ SAIAM RÁPIDO! NÃO POSSO SEGURÁ-LOS POR MUITO TEMPO! SAIAM NOOBS! ]]

- O quê? Noob? Vai se ferrar cara... Eu invadi aqui primeiro... Sai você...

[[ OK! BOA SORT! ]]

- Que cara maluco...

- Ei... ele deve ter falado sério... Vamos sair daqui... desconecta aí...

- O cara me chamou de noob... você viu? Vou sair não, cara... Ele que vá procurar outro lugar.

:::::::: SERVER ENCRYPTED :::::::::: CONNECTION CLOSED ::::::::::::

- O que é isso?

:::::::::::::::::::::::::::::::::: ISA SERVER CLOSED ::::::::::::::::::::::::::::::::::

[Boa noite,

Uma equipe de especialistas da CIA desbaratou um refúgio hacker hoje pela manhã. Dois jovens estavam no local e acessavam de maneira ilegal arquivos confidenciais da MagnaNet. Quando se perceberam cercados os jovens atiraram nos policias, que logo revidaram. Um policial saiu ferido e os dois jovens não resistiram aos ferimentos e morreram no local. Kimbold e Sas, como eram conhecidos na comunidade hacker, tinha 17 e 19 anos. Em seu apartamento foram encontradas máquinas potentes e um conjunto de aparatos para invadir sistemas. Um detetive do polícia informou que eles foram rastreados enquanto hackeavam um servidor seguro, da MagnaNet e que eram correlegionários do hacker BIT.

Vamos agora às notícias do esporte... ]

quinta-feira, junho 28, 2007

Hacking

[[ - REGISTRO DE SEGURANÇA - MAGNA SECURITY SERVICES - JAN/2333 - PK077 - ]]

01H37.45: LOGIN ADMIN SERVICES
01H37.57: username required: adminxclcl
01H38.00: password required: *****************
01H37.03: confirm password: *****************
01H37.07: ADMIN CONNECTED

COMMAND LINE: /open H:\PROJ-391C
COMMAND LINE: /copy H:\proj-391.cpc
COMMAND LINE: /open D:\
COMMAND LINE: /run D:\cleanyourmind.exe
COMMAND LINE: /kill G:\security\forcetime\lagger.ini
COMMAND LINE: /kill G:\security\forcetime\lagger.exe
COMMAND LINE: /kill G:\security\forcetime\lagger.cfg
COMMAND LINE: /kill G:\security\forcetime\laggerbckp.exe
COMMAND LINE: /run D:\cleanyourmind.exe
COMMAND LINE: /close H; D; G;
COMMAND LINE: /copy A:\nuked.exe C:\OP\INI\
COMMAND LINE: /restart

- ERROR -
SERVER DOWN.
SYSTEM FAILURE.

quarta-feira, junho 27, 2007

Recrutamento - VIRUS

- Quer dizer que o custo então nao importa?

- Não!

- Não entendi... Como assim? "Não importa!"

- Simples... Eu preciso apenas conhecer o banco de dados. Essas informações geralmente consigo com alguns contatos no próprio servidor.

- Sério? O pessoal lá passa as senhas pra você?

- Não... Não passam as senhas... Mas apenas me indicam o caminho.

- E por que estas pessoas ajudam você e o seu grupo?

- Porque a gente paga muito bem... Tem muita grana rolando nessa história toda.

- Sério? Grana de onde?

- Pessoal do petróleo... Antigas empresas desse ramo que faliram diante da energia nuclear e bio-combustíveis... Só tem milionário.

- Hummmm.. Mas e então? O que mais devo fazer para me aceitarem?

- Você tem que assumir os riscos... Existe um tipo de prova de fogo, sabe?

- Sem problemas... O que devo fazer?

- Quer que eu te passe um email ou te fale aqui agora?

- Pode falar... É seguro...

- Simples... A tarefa não é muito complicada. Basta você zerar o server da Torre de Tráfego Aéreo da cidade...

- Mas isso não pode causar acidentes?

- Sim... provavelmente causará! Mas, como eu disse antes: "o custo às vezes não importa!"

- Entendi. Ok. Estou na jogada.

- Com o tempo você vai ver que está em algo muito maior que uma "jogada".

- Tranquilo cara... Mas, me diga, detrás desse codinome aí qual é seu nome?

- Cara... Essa pergunta é muito perigosa. Chame-me apenas de NoMore, líder do VIRUS.

- Ok, ok. Desculpe.

- Tudo bem... Mas cumrpa sua tarefa e será membro do VIRUS, como eu te falei.

- Até quando devo fazer isso?

- Você ainda tem 23 minutos. Vou ficar de olho nos noticiários. Boa noite.

- x-